sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Tecnologia e inovação são essenciais para causa da conservação ambiental
Assunto foi debatido durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Florianópolis
No último dia do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), promovido  pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, em Florianópolis (SC), diversos assuntos e projetos relacionados ao tema "Futuros Possíveis: Economia e Natureza" foram debatidos pelos 1.200 congressistas. O painel "Modelos de Conservação e Inovação: Inspiração para o Futuro" apresentou as novidades tecnológicas que estão sendo utilizadas em prol da causa ambiental. 
Participaram das discussões Emiliano Ramalho, do Instituto Mamirauá, que falou sobre o “Project Providence: revolução no monitoramento da biodiversidade”; Marcos Da-Ré, da Fundação CERTI, que abordou "Ecossistemas de Inovação: Compartilhando Valor para a Conservação"; e John Amos, da Skytruth, que apresentou o "Impacto de parcerias estratégicas que ampliam a eficiência da conservação".
Emiliano revelou que o Instituto Mamirauá, atuante na Amazônia Central, tem buscado encontrar novos recursos sustentáveis para o manejo e a conservação das áreas naturais da região. E o Projeto Providence, encabeçado pela instituição, faz uso de tecnologia, conceitos de robótica e sistemas inteligentes de manejo. A ação, financiada pela Fundação norte-americana Gordon and Betty Moore, é fruto de uma parceria internacional com mais quatro entidades.
A metodologia utilizada contempla o monitoramento da fauna, por meio de câmeras que utilizam energia solar e a comunicação dos dados via satélite, além da divulgação dessas informações por meio de uma plataforma aberta a pesquisadores e pessoas que trabalhem em prol da causa ambiental. "Praticamente tudo é feito de forma automatizada, embora alguns dados possam ser disponibilizados para análises mais específicas. Já trabalhamos com cerca de 40 espécies nos últimos meses, mas temos condições de adicionar novas espécies", destacou Emiliano.
Marcos Da-Ré, que é integrante da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, falou sobre o trabalho da Certi - Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, que está implementando diversos projetos no campo da conservação ambiental. "Muitas vezes a inovação surge a partir de novos modelos de negócios. Não necessariamente baseados em tecnologia", explicou.
Mas é evidente que a tecnologia tem ajudado muito no desenvolvimento de soluções baseadas na natureza, "entre elas a análise de genoma e a utilização de drones e inteligência artificial", exemplificou Marcos. E esse trabalho, segundo ele, precisa de colaboração de todos os stakeholders - ambientalistas, pesquisadores, universidades, órgãos reguladores, governos, entre outros. "Assim, criamos um ambiente favorável para a criação e evolução de todo esse ecossistema", disse.
Um dos cases apresentados por ele durante o evento foi o Araucária+, que reúne produtores do Planalto Serrano catarinense, indústria, varejo e sociedade, criando uma rede sustentável de produção, venda e consumo de produtos como erva-mate e pinhão. Desde o seu início, em 2013, a iniciativa em parceria com a Fundação Grupo Boticário, que visa preservar a floresta da região, contabiliza 50 instituições envolvidas, mais de 80 produtores articulados e 470 hectares conservados - resultando em produtos de sucesso, como a cerveja Insana feita com pinhão. 
Por fim, John Amos apresentou o trabalho da Skytruth, que, além de realizar o monitoramento via satélite, também atua fortemente na comunicação dos dados coletados. Um dos importantes trabalhos aconteceu durante a tragédia ecológica provocada pela empresa Samarco, na bacia hidrográfica do Rio Doce, em 2015. Na época, a empresa americana forneceu diversas informações para as autoridades brasileiras, ONGs e imprensa mundial, que deram um retrato mais preciso da devastação provocada pelo acidente.
Outro importante trabalho que vem sendo realizado pela Skytruth é o monitoramento da atividade de pesca em todo o mundo, denominado Global Fishing Watch, que tem ajudado, inclusive, no combate ao trabalho escravo. Amos apresentou ainda um levantamento de dados feito na área do Atol das Rocas, com informações que vem sendo bastante úteis para ambientalistas que trabalham em prol da conservação na região.
IX CBUC
Realizado periodicamente desde 1997, o evento é um dos mais importantes fóruns da América Latina sobre áreas protegidas, seus desafios e sua importância para a sociedade. Em oito edições, produziu diversos resultados positivos para a conservação da natureza, como a criação, ampliação e gestão eficiente de unidades de conservação. A nona edição foi realizada de 31 de julho a 2 de agosto de 2018, em Florianópolis (SC).  A programação do IX CBUC está disponível no site www.fundacaogrupoboticario.org.br/cbuc.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.
   
Imagens

Painel debateu a tecnologia e a inovação nas causas ambientais
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Espaço para perguntas possibilitou a interação com os participantes
GKG Fotografia 

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